quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mas o que é a Exclusão Social?


Quando falamos em Exclusão Social facilmente a ligamos a um processo que coloca indivíduos e ou grupos sociais à margem da sociedade. Mas este conceito é complexo, multidimensional, ousado e polémico.

A exclusão social configura-se como um fenómeno multidimensional, na medida em que não é produto de um só factor, mas coexistem, dentro da exclusão, fenómenos sociais diferenciados, tais como o desemprego, a marginalidade, a discriminação, a pobreza, o estigma…

A pobreza será, porventura, a forma mais visível de exclusão, na medida em que, por falta de recursos, o pobre é excluído de sistemas sociais básicos nos domínios do social, económico, institucional e territorial, e às referências simbólicas. Mas a exclusão social abrange formas de privação não material, encontrando-se muito para além da falta de recursos económicos.

A Exclusão Social é, essencialmente, uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros. Dá-se através de rupturas consecutivas com a sociedade nas relações afectivas, familiares, de amizade e com o mercado de trabalho. Pode implicar acentuada privação de recursos materiais e sociais que levam à ausência de cidadania, impedindo a participação plena na sociedade, aos seus diferentes níveis – ambiental, cultural, económico, político e social; ou pode não permitir usufruir de um nível de vida tido por aceitável pela sociedade em que se vive.

A exclusão social contemporânea apresenta-se diferente das formas anteriormente existentes de descriminação ou mesmo de segregação, ao parecer criar indivíduos desnecessários ao mundo laboral, em face das poucas perspectivas de diminuição do desemprego, sugerindo não haver possibilidade de inserção. A vida nas sociedades capitalistas vem-se organizando segundo modelos altamente competitivos que excluem os menos capazes devido à idade, à instrução, à etnia, ao sexo ou à saúde. Também, a organização e o funcionamento dos sistemas e instituições parecem alhear-se da realidade, faltando-lhes equidade na oferta de oportunidades para todos.

A Exclusão Social é, assim, um facto e um fenómeno social, com expressão crescente na nossa sociedade actual, como forte referência de grandes transformações sociais decorrentes do processo de globalização, o qual desenvolve a exclusão social ao acentuar desigualdades e concorrer para maior instabilidade das relações familiares, sociais e laborais; alteração de valores fundamentais; vulgarização de comportamentos de risco; materialismo consumista; imigração, entre outros, limitando o acesso a direitos sociais e civis e acabando por isolar socialmente grande número de indivíduos e grupos.

Não é, portanto, um fenómeno redutível à ausência de rendimento. No entanto, encontra neste factor, hoje em dia, uma grande expressão, no que se traduz numa pobreza envergonhada, em que as pessoas, para não se sentirem excluídas, optam por cortar nos bens de primeira necessidade, começando pela alimentação, canalizando os insuficientes rendimentos, por exemplo para o pagamento do carro e da casa, a fim de manterem as aparências.

3 Comments:

alf said...

A exclusão social é sobretudo uma enorme estupidez.

Agora que estamos inseridos num clube de nações, começamos a tomar consciência de que somos piores do que os outros. Claro que vamos apontando o dedo aos governantes, aos banqueiros e a quem for preciso, desde que o dedo não aponte para nós.

Mas a primeira causa da nossa desgraça é a exclusão social que sempre promovemos - sempre achamos óptimo pagar ordenados de miséria aos emigrantes e achamos óptimo que os filhos deles crescessem excluídos, sempre estivemos nas tintas para que as pessoas tivessem de emigrar em massa para sobreviver, nunca cuidamos da «igualdade de oportunidades», pelo contrário. Já era assim antes do 25 de abril e continuou a ser depois - muitas vezes ouvi pessoas perguntarem-se onde iriamos buscar os empregados se agora se queria por tudo a estudar, os professores e o CDS continuam a berrar pelo chumbo aos alunos - isso é que lhe interessa, excluir alguém, o facto de termos o pior ensino da europa não lhes interessa nada.

O combate à pobreza nem tem nada a ver com solidariedade, tem apenas a ver com Inteligência - se parte da população é pobre, não compra nem produz, não gera empregos nem actividade económica. A pobreza é como um cancro, gera diminuição da actividade económica e por isso tende a alastrar.

Acontece que a solidariedade também é um sinal de inteligência; por isso as pessoas inteligentes combatem a pobreza por duas razões, porque é a coisa inteligente a fazer e por solidariedade.

Os burros não fazem nada disso.

Na nossa sociedade há demasiados burros e é por isso que não saímos da cepa torta; e, sobretudo, os burros aqui zurram que se fartam e os outros intimidam-se que tanto barulho.

Ora é preciso que os que não são burros percebam que não precisam de andar a fingir que o são, porque os burros não têm força nenhuma, só têm garganta.

Eu acho muito bem que os meus impostos sirvam para dar apoio social às pessoas que precisam, temos de berrar isso mais alto do que os urros daqueles que se queixam que andam a sustentar os que nada fazem.

Eu acho muito mal que os meus impostos sirvam para pagar ordenados a professores que se estão nas tintas para os alunos, a médicos que não cumprem nem horário nem funções no hospital, etc etc - que, por acaso ou talvez não, são sempre aqueles que oiço queixarem-se dos impostos.

Precisamos de exigir a todos as suas responsabilidade e não termos medo de apontar o dedo a toda a gente sem mérito que vive de esquemas.

fa_or said...

Boa Alf!
Obrigada! Gostei muito de ler a sua opinião, e em como o Combate à pobreza e à exclusão social é uma questão de inteligência!

Quantos aos burros: há-os de muitos feitios e cores, já dizia o outro "É burro é burro mas sabe-a toda!", no entanto, acho que burros somos todos nós, e somo-lo mais porque nos querem fazer crer que o somos e o aceitamos pacificamente.


Obrigada mais uma vez, Alf.

Sara S. said...

A explicitação do conceito, causas e efeitos da exclusão social estão muito bem expressos neste texto. E essas tais situações geram, como foi demonstrado no primeiro comentário, um clima de indignação que se revolta contra praticamente todos os sectores que fazem funcionar um país e uma comunidade e que a própria comunidade propulsiona. Mas tenho de discordar nalgo, acho que a nossa educação não é das piores, apenas aparenta ser porque para já o sistema ainda é relativamente justo, depois com as mudanças que se pensam impôr, o ensino parecerá aos olhos dos outros muito melhor, porque essas medidas apenas têm somente em vista a subida nos rankings, a meu ver, descurando a aprendizagem dos próprios alunos.
Mas não é esse o assunto que se trata aqui, a exclusão social tem de ser combatida, essa é a verdade. Só com coesão, apoio e/ou unificação e aceitação dentro e para com todos aqueles que pertencem ao povo português é que conseguimos ser bem sucedidos nessa missão, embora seja uma luta custosa.
Beijinhos

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