Bem verdade: Que parva que eu sou!
Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.
(Deolinda - Parva que eu sou)
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Que parva que eu sou
Eco de fa_or às 15:32
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6 Comments:
achar que existe alguém pior que a gente não ajuda a modificar as situações, só contribui com o conformismo e com o egoismo.
beijo, lindo texto.
E a Ana arrasou com esta canção que encantou...os Deolinda sempre bem, com tanto porém nesta geração, que de parva fica a aguardar e gera polémica no ar...gosto destes "meninos" que brilham em palco e dizem verdade pisando sorrindo, o negro asfalto...
Sobre esta canção, uma visão interessante de Jorge Soares em:
http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/262341.html
Se não fizermos nada, se nos acomodarmos, se não lutarmos para mudarmos as situações que nos desagradam, se formos apenas na onda do "se está bem para os outros também há-de estar bem para mim", esta geração e as próximas ainda "vão comer o pão que o diabo amassou".
Tornou-se mesmo numa canção de intervenção que proclama verdades da minhas e outras gerações, porque o futuro que nos apresentam não é de todo radioso. Mas falta-nos a acção para além da voz.
Beijinhos
Bem metida; esta canção vem muito a propósito - as pessoas têm de começar a pensar pela sua cabeça para compreender a situação em que estamos metidos e perceber que soluções são possíveis. Ser «parvo» é não pensar, deixar-se ir. Os jovens têm de perceber que a geração dos seus pais (e eles até agora...) foi uma geração de priveligiados que andou a viver do dinheiro que não tinha nem produziu. Agora, acabou-se. Somos como aquela família que andou a viver do cartão de crédito e agora tudo o que ganha só chega para pagar os juros da dívida. Temos de passar a "comer em casa" em vez de ir ao "restaurante" (ou seja, consumir produto nacional em vez de importado) e temos de trabalhar a dobrar. E temos de discutir a economia em que estamos embrulhados.
Interessante:
http://www.ionline.pt/conteudo/105701-o-povo-vai-sair--rua-milhares-convocam-manifs-contra-o-sistema
Será que as pessoas estão agora a abrir os olhos?
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