domingo, 19 de novembro de 2023

“A pobreza é um escândalo!”

... lamenta o Papa no dia mundial dos pobres.



"continuamos a ter 780 milhões de pessoas no mundo que vivem abaixo do limiar internacional da pobreza (com menos de 1,90 dólares por dia)".
(...)
"Em 2017, celebrou-se, pela primeira vez, o Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco em 2016 no encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Celebra-se todos os anos, no XXXIII Domingo do Tempo Comum".
(...)
"No final de 2022, os números oficiais apontavam para 10.773 pessoas em situação de sem-abrigo em Portugal, um aumento de 78% em quatro anos. E prevê-se que, este ano, esta percentagem suba exponencialmente."
(...)
"A Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, que tinha como meta acabar com este fenómeno até 2023, vai ser prolongada até 2026, depois de não só ter falhado o objetivo principal como ter permitido o aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo."
(...)
"Quando é que vamos perceber que não estamos a resolver o problema? Quando é que vamos assumir que falhámos?" (...) "Até quando vamos continuar a arranjar justificações? Até onde se pode fechar os olhos?"



segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Dignidade para todos na prática

 

Dignidade para todos na prática” !!!


Já me cansa esta lonjura...


sábado, 16 de outubro de 2021

Construir juntos – Acabar com a pobreza persistente...

Construir juntos – Acabar com a pobreza persistente, respeitando todas as pessoas e o nosso planeta: é o tema para 2021 do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que é assinalado, todos os anos, a 17 de Outubro, desde 1992.

No entanto, está tudo sempre  não digo na mesma (como a lesma) mas  cada vez pior. Nestes tempos em que a pandemia veio acentuar a pobreza ainda mais.

Fala-se muito, escrevem-se Resoluções, há múltiplas Agendas, mas no final das contas tudo não passa de lindas cantigas para boi dormir.

E empurra-se com a barriga para o sector privado, sociedade civil, voluntariado, iniciativas filantrópicas, que vão fazendo o que podem, mas que não têm como atacar o mal pela raiz.

Parece que das mãos de quem tem o Poder sai tudo ao contrário do apregoado com falinhas mansas; e aos pobres é tirado ainda o pouco que lhes resta  até a dignidade  e são atirados para as ruas da amargura.

Este dia, que foi criado com o objectivo de mobilizar decisores políticos, organizações intergovernamentais e não governamentais, bem como a sociedade civil, para corrigirem as causas e consequências da pobreza, pouco ou nada tem trazido de melhorias concretas ao mundo dos pobres – sejam quais forem os temas propostos em cada ano.

Não tenho fé de que este ano seja diferente, e que este dia, com este tema proposto, venha acabar com a pobreza ou contribuir para a sua erradicação. 
Daqui a um ano voltaremos a falar do mesmo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A outra pandemia


 (do blogue A Vivenciar a Vida)


domingo, 21 de junho de 2020

Carta aberta aos poderes políticos sobre a Pobreza em Portugal

"A pobreza tem há muito em Portugal uma dimensão que a todos deve preocupar e que justifica que os cidadãos unam a sua voz num protesto forte, premente e continuado, exigindo das autoridades do País que inscrevam o combate à pobreza como primeira prioridade. A pandemia do coronavírus acentuou aos olhos de todos a vulnerabilidade dos grupos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa, reforçando, infelizmente, que a pobreza é, indubitavelmente, o principal problema do País. É essencial que as entidades sobre as quais recai a responsabilidade de enfrentar o problema não tenham dúvidas em defini-lo como tal - a prioridade das prioridades."

Para: Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro, Grupos Parlamentares

quinta-feira, 23 de abril de 2020

“Pandemia da fome”

As previsões do final do ano passado apontavam 2020 como o pior ano desde a Segunda Guerra Mundial.

"265 milhões de pessoas poderão estar em risco de morrer à fome. Poderão ser 30 os países em vias de desenvolvimento a passar por situações de fome generalizada. Em dez desses países, já há mais de um milhão de pessoas no limiar da morte: Iémen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Venezuela, Etiópia, Sudão do Sul, Sudão, Síria, Nigéria e Haiti."
 (...)
Estamos a falar de condições extremas, de estado de emergência – pessoas literalmente a marchar para o limiar da morte à fome. Se não lhes conseguirmos comida, as pessoas vão morrer”.
(...)
 “A Covid-19 é potencialmente catastrófica para milhões de pessoas que já estão presas por um fio”, acrescenta Arif Husain, economista chefe do Programa Alimentar Mundial. 
(...) 
“Nenhuma destas mortes previstas é inevitável”, diz Beasley. “Se conseguirmos dinheiro e se mantivermos as cadeias de distribuição abertas, podemos evitar a fome. Podemos parar isto, se agirmos já”, reforça.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Há fome!


«E de repente tive mais uma ideia do futuro social do nosso país. Ontem no acompanhamento que faço como voluntário na Comunidade Vida e Paz preparei-me para a noite lendo os relatórios das equipas dos dias anteriores, e vi que no Saldanha os números da distribuição de comida aproximavam-se dos 100, sendo que há dois meses atrás eram entre os 30 e 40. Na Av. Liberdade e adjacentes com mais de 30 pessoas, onde outrora eram menos de 20. 
 Enfim preparei-me para distribuir e acompanhar pouco mais de 140 pessoas. Mas infelizmente a realidade foi outra, foram mais de 160 e o futuro não se avizinha bom! 
 Sabemos que nos abrigos de Lisboa da CML os números diários já se aproximam de 200 pessoas, abrigos esses que fecham no momento que terminar o estado de emergência, e assim vão-se juntar aos mais de 500 pessoas que já vagueiam pela capital de Portugal.

Fome, vi muita, as pessoas choram a pensar que esta pode ser uma das ultimas refeições, pois com tantas incertezas têm medo que as instituições que apoiam as famílias carenciadas e pessoas sem abrigo não sejam um poço sem fundo e que um dia não vão chegar para todos, e, que podem ser preteridos por outra necessidade qualquer.
 Por mais que se tente acalmar as pessoas, a verdade é que nem eu sei o que vai ser o futuro, o meu, a da minha família e amigos, e de toda a nossa comunidade. 

 Há fome! 

 Desde o primeiro dia do estado de emergência que tenho notado isso, é uma nova realidade. 

 Volto a ontem, e ontem, vi pessoas que foram pela primeira vez dormir na rua, e outros que para lá voltaram, uns porque já não têm recursos, amigos ou famílias que apoiem, outros porque saindo das prisões não têm casas para onde ir. Sim pessoas que saíram das prisões sem tectos à sua espera, em alguns casos foi uma transferência de um problema de um lado para outro.
 Pessoas sem mobilidade, de andarilhos, novos, velhos, não há discriminação.
 Duas conversas que me deitaram o coração abaixo, sr X, seropositivo, na rua há vários anos, dizia: “COVID? Isso como doença não nos faz medo, estando na rua há vários anos eu e as outras pessoas que cá andamos se não morremos do frio, da chuva, do calor, das doenças dos companheiros de cartão, não vamos certamente morrer disto, O COVID vai nos matar porque vamos ser esquecidos e estamos no fundo das preocupações das pessoas. 

 Senti-me revoltado porque sei que é mentira, mas também é verdade!

 Outro dizia que queria ir para o abrigo, mas questionava, mas se lá há maior concentração de pessoas, não aumenta o risco de ser infectado?
 Estas pessoas podem não ter tecto mas têm a mesma sensibilidade ao risco e ao futuro que praticamente todos nós temos, ser Pessoa Sem Abrigo não é um atestado de estupidez ou de inércia, é infelizmente uma mistura de infelizes acasos da vida.

 Onde durante anos na Av. Liberdade, havia lagos com patos e cisnes, há agora pessoas a viver dentro das casas dessas aves, é difícil de imaginar, mas estão lá vários num espaço curto e desumano.

 Partilho ainda convosco que já de madrugada quando falava com as outras equipas, veio à partilha que dois menores depois de verem que havia terminado a distribuição na gare do oriente, foram ter com a equipa a pedir comida, pois em casa com os pais desempregados e os outros irmão menores já não havia comida e de uma forma discreta e envergonhada pediram se podiam comer. 

 A fome já não é só na rua, é também dentro das nossas casas. 

 Não quero com esta mensagem deixar as pessoas melindradas ou a sentirem-se mal, mas sim quero que todos saibam que há uma realidade e vamos ter que viver com ela e acima de tudo não podemos fechar os olhos, porque sim, há fome em Portugal!

 Equipa B2-3ª »

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