segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Vergonha!

“A vergonha tem hoje duas faces em Portugal:
a de uma nova pobreza envergonhada
e a de uma riqueza sem vergonha de espécie alguma.”

(João Paulo Guerra, “Diário Económico”)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Que se faça Natal

Vem aí o Natal.
Dezembro, mês do frio… muito frio!
A cada dia que passa, a tristeza e a revolta invadem-me mais a alma, são o meu pão de cada dia. Imagino as mesas postas, com toalhas alegres e coloridas, cheias de doces, filhoses e outros fritos polvilhados de açúcar e canela. Mesas fartas de saborosos petiscos e carnes variadas. Crianças a correrem pela casa, com os sorrisos alegres de quem nada lhes falta. Elas sabem que as prendas já estão à sua espera, dentro dos embrulhos atados com os laços prateados e dourados. Em cada lareira crepita um lume aconchegante que aquece lares e corações.
E eu… eu passo por um período difícil na minha vida, que nunca pensei possível de me vir a acontecer. Sinto-me impotente para sair deste mundo cada vez mais ruinoso, à beirinha de cair num poço sem fundo. Já perdi tudo o que era possível perder, até a dignidade.

Eu também tive uma família na qual punha todo o meu orgulho. Linda, harmoniosa, que dava gosto de se ver, até ao dia em que a adversidade me bateu à porta e me foi, aos poucos, deixando na rua da amargura.
Vi o sol a desaparecer do meu dia e este precipitar-se numa noite sem fim, quando os primeiros raios da crise deram o seu sinal, numa casa onde nunca tinha faltado nada. E tudo o que tinha vindo a construir, com todo o empenho, se foi desmoronando como um castelo de cartas.

Os meus fantasmas atormentam-me continuamente. Foi o meu desemprego inesperado e algum tempo depois a falência da pequena empresa da família.
Como é que se pagavam as prestações dos carros, da casa, da mobília? Tudo teve que ser vendido, por muito menos de metade do preço de compra original, para pagar as dívidas, e não chegou. O cartão de crédito foi gasto até ao limite. Em vez de uma casa, passou a ser um quarto alugado para dois adultos e duas crianças. As crianças começaram a ir muitas vezes para a escola sem pequeno-almoço e sem nada para o lanche, quando não sobrava nada para lhes dar de comer. E aconteceu a ruptura familiar, pois “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. E as crianças foram levadas para uma Instituição porque estavam em risco.

Dizem que uma grande dor sozinha mata menos do que muitas mais pequenas. Não sei, mas talvez... porque as facadas que me têm sido sucessivamente espetadas, me levaram a ir definhando lentamente até que, um dia destes, tudo se poderá vir a consumar definitivamente, por aí, numa qualquer sarjeta.

Agora só a miséria mora comigo, ou eu com ela. Eu sou este corpo à espera de uma qualquer cama ou canto onde afogue a pobreza, onde esqueça as cores gélidas de um frio que se me entranhou nas carnes já decepadas de um espírito que um dia foi luminoso, para ser, em cada dia, protagonista num espectáculo da fome.

E é sempre a mesma coisa todos os anos por esta altura. Lembra-se muito os pobres, dá-se umas esmolas aos pobrezinhos, uns caldos, umas sopas de Natal e depois cada um vai à sua vida até ao ano seguinte, porque já descarregaram a consciência. Como se o pobre só comesse uma vez por ano! Será isto espírito de Natal?
Eu sempre ouvi dizer que Natal é quando o Homem quiser. Mas se calhar, é só mesmo quando o Homem quiser!
Por isso é que os que tem o grande poder, capaz de reverter as condições das pessoas como eu, de vez em quando juntam-se para trocarem impressões sobre assuntos relacionados com pobreza… mas ficam-se pelos discursos e pelas jantaradas obscenas onde isso se discute, com os media a dar cobertura.
Queria que essa comida lhes soubesse a podre e a vomitassem em vez das palavras gastas!

Neste Natal, queria que a pobreza lhes entrasse por todos os orifícios do corpo... por todos os poros da pele.
Talvez que assim tivessem a real percepção do que é a pobreza... e compreendessem um pouco da verdadeira dimensão do Natal.

(M. Fa. R.)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

As crianças não são objectos


No dia 20 de Novembro de 1959, por aprovação unânime, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração dos Direitos da Criança.


Quando a Declaração completou 30 anos, em 20 de Novembro de 1989, a ONU também aprovou a Convenção sobre os Direitos da Criança, um ano depois considerada lei internacional.




Faltará muito, ainda, para que os direitos de todas as crianças sejam respeitados?

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Espíritos pobres e pobrezinhos

A minha distinção entre
"Pobres de espírito";
"Pobres em espírito";
e "Espíritos pobrezinhos":

“Pobres de espírito” - os baldos de inteligência, de cultura, de educação; alguém de entendimento limitado, sem criatividade; sem recursos intelectuais; pessoas simplórias, ingénuas e acríticas, sem meios e sem condições para enriquecer o espírito.

“Pobres em espírito” - os humildes de espírito e simples de coração; os que são e que amam, que cultivam a humildade moral. Os que têm um coração de pobre, que se fazem pequeninos por amor aos outros, ainda que grandes em riquezas materiais, mas não apegados a elas, pelo contrário, despidos de ambição e de egoísmo; os que, pobres ou ricos, ou apesar de ricos, têm o espírito desprendido das riquezas materiais. Os que são ricos em qualidades morais, que vêem no outro um igual; que usam de sinceridade, liberdade e total transparência de alma; que procuram enriquecer os seus espíritos com as virtudes das quais se vêem carentes. A modéstia é o seu distintivo.

“Espíritos pobrezinhos” – "doutores" orgulhosos e cheios de arrogância; "loiras", "tias" e afins, "parvos", "tolos", insensíveis e interesseiros; "iluminados" que pensam que sabem muito, mas a quem falta o verdadeiro calo da vida por nunca terem comido "pão que o diabo amassou", ricos em teorias, mas paupérrimos na prática. A estes espíritos ser-lhes-á muito difícil enriquecer porque lhes é insuportável OUVIR o seu semelhante. Aliás, para eles, poucos haverá que lhes sejam semelhantes, tão alto o conceito que têm de si próprios, e tão superiores se julgam, que o que há, para eles, são muitos inferiores. E não se coibem de espezinhar e achincalhar quem consideram inferior, para ver se ficam ainda melhor no retrato.
Destes tenho pena, muita pena... apenas pena!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Riqueza vs Pobreza

A pobreza é fruto das enormes desigualdades sociais, que colocam a riqueza do mundo nas mãos de, apenas, 20% da população mundial.

É uma dor de alma constatar que 80% da população do mundo é pobre ou muito pobre pelo facto de haver uma minoria de muito ricos.

A riqueza em si não é má. Pelo contrário, ela é um bem a que todos têm direito, e que produz sensação de conforto, bem-estar e segurança, tão necessários a uma realização material que todas as pessoas anseiam (salvo, talvez, raras excepções).

Mas a riqueza é escandalosa quando torna o mundo pobre.
É por demais escandaloso o momento actual que o mundo vive, inundado de tanta miséria.

Todo o mundo é pobre e está a empobrecer cada vez mais.
Toda a população é pobre. Uma grande parte materialmente, outra de valores.

Acho que os ricos são muito pobres de valores, quando são os causadores da pobreza material do mundo, quando fortunas são construídas à custa de vencimentos fabulosos, reformas astronómicas, corrupção, exploração do homem pelo homem...

Não me venham cá com coisas!
Toda a riqueza nas mãos de uma minoria não tem nada de honesto!

Só quando os ricos tiverem a honestidade de ser menos ricos é que os pobres poderão começar a ser menos pobres!


«Há pessoas tão pobres, mas tão pobres, que só têm dinheiro!»

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sentir o frio

"Era um inverno, tão frio, tão frio, que os pobres sofriam ainda mais do que o habitual.

O rabino escolheu um dos dias mais gélidos para procurar o único judeu rico do povoado, homem famoso pela sua avareza. Bateu à porta, e foi o próprio que veio abrir. Era, seguramente, o único indivíduo da aldeia a não vestir mais do que uma camisa dentro de casa, tal era a qualidade do aquecimento no seu interior.
- Faz favor de entrar, rabi, está quentinho cá dentro.
- Não, não, não vale a pena, não demoro mais do que um minuto.

E o rabino encetou uma longa conversação com o homem, perguntando-lhe novidades de cada membro da família. O homem batia os dentes, porta sempre aberta, insistindo incessantemente com o rabino para que entrasse, mas este recusava sistematicamente.
- E o primo do seu cunhado, que foi para a cidade, como é que ele está? – continuava o rabino…
O homem estava roxo de frio.

- Finalmente, rabi, qual é o motivo da sua visita? – acabou por perguntar.
- Vim com o intuito de lhe pedir dinheiro para comprar carvão para os pobres da aldeia.
- Pois bem, então vamos entrar, falamos melhor sobre isso no quentinho…
- É que se eu entro, sentamo-nos à lareira, ficamos aquecidos, e quando eu lhe explicar que os pobres têm frio, o senhor não irá compreender. Vai-me dar cinco rublos, quando muito dez. Mas, assim, cá fora, sentindo-se um pouquinho de frio, estou certo de que o senhor vai compreender melhor…

O homem ofereceu cem rublos ao rabino, ficando feliz, quanto mais não fosse pelo facto de poder fechar a porta e voltar a sentar-se junto à lareira."
(Marc-Alain Ouaknin e Dory Rotnemer, in A Bíblia do Humor Judaico, I)

Apetece-me apenas comentar, do que este conto me sugere, e também a propósito do dia de hoje - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - que:
pode-se relembrar esta problemática num dia por ano especialmente dedicado a isso;
pode-se pensar muito em ajudar os pobres na quadra do Natal, que não tarda aí;
podem-se até fazer muitas campanhas de auxílio à pobreza ao longo do ano…
mas é muito confortável estar no quentinho!

Se não te aproximares, se não sentires o frio na pele, como é que podes compreender a realidade do pobre?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

No mínimo... um olhar atento à pobreza

* Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado, e muito bem,tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.
* O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é obrigado a dar ao Estado, e muito bem,mais 23,75 euros para a Segurança Social.
* E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado, e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros.
* Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 21 euros para si.

Em resumo:
Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55;
Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 21;
Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33;
Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro,registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.

Eu pago, e acho muito bem, portanto exijo:
- Um sistema de ensino que garanta cultura, civismo e futuro Emprego para os meus filhos;
- Serviços de saúde exemplares;
- Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa;
- Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o país;
- Auto-estradas sem portagens;
- Pontes que não caiam;
- Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano;
- Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos.

Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida;
Jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros;
Polícia eficiente e equipada;
Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público, uma orquestra sinfónica;
Filmes criados em Portugal.

E, no mínimo,
que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra.

(Recebido por e-mail. Desconheço o autor)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Nada a fazer?!

«Não posso dar-te absolutamente nada.
Trabalho até de noite pelas mães abandonadas, pelos que não têm casa, pelas crianças abandonadas e doentes. Eu também estou doente e não posso mais. Não me queres tu ajudar? Antes de te matares, não queres dar tu uma mão a toda esta gente que espera?»
Diz Abbé Pierre a um jovem que, acabado de sair da prisão, ameaçava suicidar-se pelo desespero de não ter nada. Nem família, nem amigos que lhe dessem a mão. A sua vida não significava nada.

Por vezes pensa-se que se estendeu a mão ao indigente e ele não a quis agarrar, quando se lhe arranjou maneiras de o internar para recuperação do álcool ou da droga, conseguiu-se-lhe um trabalho, fez-se-lhe uma casa, deu-se voltas para lhe obter o Rendimento social de inserção, e ele prefere continuar a pedir esmola e a viver na rua, ou no mundo da droga. E dizemos que é pobre de espírito, que não tem juízo, que tem vícios que já não consegue corrigir, que não há nada a fazer, não vale a pena. E se calhar não é bem assim em todos os casos.

Talvez tenha ouvido tanta vez: “não vales nada, és um drogado, um bêbado, nunca conseguirás ser alguém”, que se terá convencido de que assim é, e que não vale a pena esforçar-se, pois nunca conseguirá mudar nada. Sempre terá quem lhe dê uma esmola, um prato de sopa…
Além disso, quanto mais tempo durar essa vida mais se acomoda a ela e perde o interesse por mudá-la. Deixa de ter a auto-estima necessária à mudança e bastam-lhe as esmolas de qualquer espécie. E nós queremos que ele mude?! Que ele trabalhe?! Para quê, se não tem necessidade disso?! Se não presta para nada, se não tem utilidade nenhuma?!

Primeiro tem que haver uma mudança interior. E quem quer dar uma mão a esta pessoa, tem que ir nesse sentido da mudança interior. De lhe fazer ganhar a consciência da sua necessidade.

Tem que se deixar de ver o pobre como o culpado da sua pobreza. Até porque quem nunca foi pobre nunca terá condições de ajuizar o que isso é.

Ah!
E aquele jovem que se queria matar, afinal não se matou. Deu conta de que ainda podia ser útil a alguém!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Reflexos de pobrezas

Portugal, de norte a sul, tem vindo a ser vítima, nos últimos tempos, de uma onda de assaltos e criminalidade como nunca antes.

São assaltos a bancos, a gasolineiras... ele é a caixas multibanco, é carjacking... tanto pode ser a uma prateleira ou caixa de supermercado, como à carteira do pequeno e do médio contribuinte, ou aos cofres do Estado.

Há para todos os gostos e feitios.

São grupos, são solitários... são portugueses, são brasileiros, são de outras nacionalidades.

E mata-se por "dá cá aquela palha".

Quem gosta de filmes policiais pode agora deliciar-se com as imagens reais e até em directo.

E discute-se o tema, debate-se, fala-se e fala-se...

e continua tudo na mesma, ou cada vez pior!


Não serão tudo reflexos de pobrezas?!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

1 Jo. 3, 17

«Aquele que tiver bens deste mundo
e vir o seu irmão sofrer necessidade,
mas lhe fechar o seu coração,
como estará nele o amor de Deus?»

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Tudo é para todos...

Estou convicta de que tudo existe no mundo em quantidade mais do que suficiente para todos.

Então porque será que uns têm tanto e outros tão pouco?

Será devido à sorte ou falta dela? Será porque uns nascem em berço de oiro e outros nem berço têm? Será porque uns se contentam com pouco e outros são insaciáveis? Será porque uns fazem pela vida e outros estão à espera de que caia tudo do céu? Será porque uns trabalham para terem o que querem e outros preguiçam? Será...

"Pois ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abundância, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado." (Mt. 13,12)

Todos têm os mesmos direitos.

Mas haverá quem pense que só tem direitos!

Ora, cada um um tem o dever de trabalhar para adquirir aquilo de que precisa, sem estar à espera de que sejam os outros a dar-lhe as coisas.

"Quem trabalha e mata a fome não come o pão de ninguém; quem não ganha o pão que come, come sempre o pão de alguém!" (António Aleixo)

E há, também, quem seja deixado morrer à fome, depois de uma vida de trabalho, por negligência... ou nem sei porquê!

Há coisas que me tiram do sério!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Em Portugal… bem mal...

Da Constituição da República Portuguesa

Artigo 58.º
(Direito ao trabalho)

Todos têm direito ao trabalho.
Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:
A execução de políticas de pleno emprego;
(…)

Artigo 59.º
(Direitos dos trabalhadores)

Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:
(…)
e) À assistência material, quando involuntariamente se encontram em situação de desemprego;
(…)

Artigo 63.º
(Segurança social e solidariedade)

Todos têm direito à segurança social.
(…)
O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.

.......................... Na prática:
Assistência material no desemprego e nas outras situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho: Subsídios de desemprego e Rendimento Social de Inserção

Subsídios de desemprego:

Um desempregado tem direito a subsídio de desemprego

* Desde que se encontre abrangido pelo regime da Segurança Social dos trabalhadores por conta de outrem;
* No caso de ser pensionista, desde que tenha sido considerado apto para o trabalho, em exame de revisão de incapacidade.

Condições de acesso às Prestações de Desemprego:

* Deve estar em situação de desemprego involuntário;
* Deve verificar-se a inexistência total do emprego (ausência de rendimentos por conta de outrem ou rendimentos provenientes de trabalho independente, inferior a 50% do SMN);
* Deve estar inscrito no Centro de Emprego da área de residência;
* Os cidadãos estrangeiros deverão ser portadores de título de residência válido ou outros que lhes permita exercer actividade profissional;
* Deve ter prazo de garantia – período de carreira contributiva, ou seja:
o Subsídio de Desemprego: Ter trabalhado por conta de outrem 450 dias, nos 24 meses imediatamente anteriores à data do desemprego;
o Subsídio Social de Desemprego: Ter trabalhado 180 dias por conta de outrem nos 12 meses imediatamente anteriores à data do desemprego.

Rendimento Social de Inserção:

O RSI pode se requerido por indivíduos e famílias em situação de grave carência económica, desde que satisfaçam os seguintes requisitos:

• Auferir um rendimento inferior a 100% do valor da pensão social, no caso dos indivíduos;
• No caso dos agregados familiares, o rendimento do mesmo tem que ser inferior à soma dos seguintes valores:

a) 100% do valor da pensão social, por cada adulto, até 2;
b) 70% do valor da pensão social, por cada adulto a partir do 3.º;
c) 50% do valor da pensão social, por cada menor, até 2;
d) 60% do valor da pensão social, por cada menor, a partir do 3.º; e,
e) No caso de gravidez do titular da prestação, do cônjuge ou pessoa que viva em união de facto, o montante previsto na alínea a) é acrescido de 30%, durante o período de gravidez e 50%, durante o primeiro ano de vida da criança;
f) Pode haver acréscimo no valor da prestação, caso existam no agregado pessoas portadoras de deficiência física ou mental profunda; portadoras de doença crónica ou pessoas idosas em situação de grande dependência, bem como para compensar despesas da habitação.
Ver aqui

O Rendimento de Inserção pode ser acumulado com abono e subsídio de desemprego parcial

Como o abono de família não interfere no cálculo de atribuição do RSI, isso significa que, em Portugal, há uma percentagem significativa de jovens a ser duplamente apoiada pelo Estado. No entanto, há ainda agregados que podem receber um terceiro subsídio: o de desemprego parcial. Basta que um dos membros - desempregado - desempenhe qualquer função em part-time. Esse trabalho, por não ser exercido a tempo inteiro, não retira o direito de acesso ao RSI. Ou seja, um jovem pode receber, simultaneamente, RSI, abono e subsídio de desemprego parcial.
Ver aqui

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quem mais roubar, melhor fica!

O Bastonário da Ordem dos Advogados está preocupado com situação social que se vive em Portugal, e com razão!

«O país vive "momentos terríveis de criminalidade, pobreza e miséria que arrepia os profissionais mais experientes", mas "se ouvirmos discursos de alguns responsáveis parece que estamos num paraíso".

Do ponto social, dois terços das famílias portuguesas trabalham 20 a 30 anos para pagar o que devem; e cerca de 80% da população está a trabalhar para bancos "que não produzem nada". "Muitos dos responsáveis que nos governaram nos últimos anos sabiam disso e sabiam que isto iria conduzir a uma situação como a actual".

Nesse sentido, "a Economia funciona como casino: ganha-se ou perde-se. Quem ganha é quem der o golpe das acções e das especulações".»
In: Jornal de Notícias

sábado, 28 de junho de 2008

Lá... Cá!

«Lá onde reinam a pobreza e a doença, incluindo a sida, lá onde os seres humanos são oprimidos, há ainda trabalho a fazer»

«Isso está nas vossas mãos, agradeço-vos»
Nelson Mandela

domingo, 22 de junho de 2008

"A seara é grande...

... mas os trabalhadores são poucos."


Muito bem diz o Lusitano em Notas Emprestadas que "não tenhamos dúvidas, não é verdade que há portugueses que nada têm, e a quem falta o pão, seja que tipo de pão for?

Então que cada um se pergunte o que pode fazer com o muito ou pouco que tem, quer em bem bens materiais, quer em capacidades e talentos, por esses que nada têm, e assim sendo, pelo nosso país, pela nossa sociedade, por Portugal, pelos Portugueses, não para ficarmos bem nas estatísticas internacionais, mas para nos sentirmos bem no nosso país uns com os outros.

É utópico ?
Talvez, mas é possível se todos quisermos.

Acabou o circo, é tempo de olharmos pelo pão."

E eu digo que o pior é sair do nosso comodismo instalado e pensar um pouco que seja nos outros. O mundo quer pão, está faminto, mas lá passar sem circo é que não! Quanto mais circo melhor. Quando acaba um pensa-se logo em começar outro. E quem tem pão, de qualquer espécie, com fartura, até sobejar... muitas das vezes o que é que faz? Calca-o a pés para que o esfomeado não coma dele umas migalhinhas que seja!

Já pensaram bem como precisamos de mudar mentalidades e atitudes?

Não devemos trabalhar só na mira do lucro, do poder, de ascensão pessoal e de visibilidade social. Devemos também dar de nós pelos que nada têm sem estar à espera de recompensa.

“Disponibilizar uma parte de nós para que o outro possa aproveitá-la como souber e puder, e ser mais com aquilo que lhe damos, é algo fantástico. Se calhar, é das motivações mais nobres da natureza humana. E a nossa vida só ganha sentido quando de facto nos abrimos ao outro e fazemos alguma coisa por ele”, resume Conceição Almeida, sublinhando que esta é também a forma de ultrapassarmos a nossa angústia de morte: “Deixar obra feita, que tanto pode ser um filho como algo que fizemos de bom por alguém.” In:Máxima

Há quem precise de mim, de ti, de nós!

Então por onde começar?

Um dos lados por onde se pode começar pode ser aderindo a uma Bolsa de Voluntariado.

Existem muitas ONGs e IPSSs que precisam de voluntários...
Banco Alimentar, Coração da Cidade e Amnistia Internacional são apenas três exemplos de uma luta sem fim à vista.

Mas há muitas mais... e se calhar bem perto de cada um de nós!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pobreza Relativa X Pobreza Absoluta


sábado, 7 de junho de 2008

Pobreza - Grupos de risco

Em Portugal, segundo o Relatório conjunto de 2008 sobre Protecção e Inclusão Social divulgado em Bruxelas, a população mais idosa (e especialmente do sexo feminino), as mulheres e as crianças são as mais atingidas pela pobreza.

● Os idosos com mais de 65 anos registam as taxas de pobreza relativa mais elevadas – 28 por cento.
É no grupo dos idosos que as pensões e subsídios mais contam. Sem eles, 82 por cento dos residentes com 65 ou mais anos estaria em risco de pobreza.
Os rendimentos de pensões de reforma e sobrevivência permitiram diminuir em 15 por cento os indivíduos em risco de pobreza.

● As crianças portuguesas têm o pior nível de desqualificação da EU – 68 por cento das crianças portuguesas vivem com os pais, com o ensino secundário incompleto.

“Não é um retrato abonatório para Portugal aquele que se encontra descrito num relatório da Comissão Europeia sobre pobreza infantil (…). Elaborado com base em dados de 2005 (que é ainda o ano limite para a maior parte dos estudos europeus), o relatório coloca Portugal não só entre os oito países da União Europeia com níveis mais elevados de pobreza entre as crianças, como o confirma entre aqueles com mais probabilidades de se manter nesta posição.
Em 2005, 24 por cento das crianças (contra 19 de média na UE) encontravam-se expostas, em Portugal, ao risco de pobreza (no ano anterior essa percentagem era de 23 por cento). Como a Roménia e a Bulgária não foram incluídas neste estudo, em situação pior do que Portugal figuravam apenas a Polónia (29 por cento) e a Lituânia (27). Seguiam-se-lhes, em situação de empate, Portugal, Espanha e Itália.” (Jornal Público, 25 de Fevereiro de 2008)

São as crianças que mais morrem à fome no mundo, de entre um número total de pessoas estimado entre 13 milhões e 18 milhões a cada ano.

● As pessoas que estão mais perto do limiar da pobreza em Portugal são, assim, os idosos que vivem sozinhos e as famílias constituídas por dois adultos com três ou mais filhos. Mas depois, há os desempregados de longa duração cujas dificuldades de reinserção no mercado de trabalho se devem, total ou parcialmente, a qualificações baixas ou à sua falta.

O desemprego aumentou contribuindo para agravar os problemas de cerca de 20% da população portuguesa, tal se ficando a dever, em muitos casos, à falência de empresas e termo de contratos.

● Para além destes e de outras categorias sociais desfavorecidas, conhecidas como tal – entre elas os deficientes, sem-abrigo, toxicodependentes – temos agora, também, uma miséria social que atinge os que trabalham. Em Portugal, cerca de 32% da população activa está em risco de pobreza. Há cerca de 100 mil famílias em situação de grande dificuldade financeira, ou seja, pessoas que enfrentam sérios problemas para pagar a prestação bancária relativa à compra de casa ou empréstimos contraídos para consumo. São os novos pobres, pessoas com emprego mas cujo salário não chega para as necessidades. A presidente da Federação dos Bancos Alimentares contra a Fome, garante que há hoje mais pessoas a pedir ajuda alimentar do que em anos anteriores. E sabe-se que entre os que pedem ajuda alimentar se encontram pessoas com cursos superiores.

Esta é a nova pobreza. Um fenómeno que se apresenta afectando principalmente a classe média que trabalha por conta de outrem ou que possui pequenos negócios. É neste meio que encontramos a pobreza envergonhada. Temos uma classe média a tender para o desaparecimento. Pode-se dizer que Portugal a está a matar, quando a sobrecarrega de impostos e quando se desqualificam os trabalhadores manuais e se sobrevalorizam os títulos académicos.

A pobreza combate-se pela valorização da pessoa humana. Este combate passa por termos uma classe média forte e esclarecida. Só privilegiando a classe média em detrimento da criação de elites se poderá chegar a algum lado. Porque só a classe média, as médias empresas… é que estão próximas das pessoas, tem sensibilidade e capacidade de resposta. E é a classe média que paga impostos…

No entanto, é esta classe média, que caminha a passos largos para a pobreza e que paga a factura de sucessivas políticas erráticas.

domingo, 1 de junho de 2008

Dia da criança... pobre

Por entre as cortinas de vergonha
Que te separam de outro mundo
Com teu rosto embaciado
E sorriso desbotado
Procuras o firmamento
Mesmo que em pensamento

És um actor
Em palcos de negra via
Com plateia que dormente presencia
O teu desempenho assustado
De gesto envergonhado
Sem que a vida te sorria

Criança pobre
Triste
Faminta
Mal amada
Maltratada
Menino de rua
Menina da favela...

Quem dera no mundo
Não mais houvesse
Nem fome
Nem guerras
Nem doenças
Ou sentenças
Que te tiram a alegria

Criança...
Do lado de lá
Ou de cá
Onde mora vento e lama
No reino da fantasia
Adormece em leda cama
Que hoje também é
Teu dia!

(M. Fa. R. - 01.06.08)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Eu grito ainda mais alto!!!

Cavaco Silva diz que o combate à pobreza e desigualdade social "não vai ser resolvido" a curto prazo.
(In: Notícias RTP e TSF)

Olhem só que novidade!!!

«Na quinta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, admitiu que o ex-Presidente da República Mário Soares comentou equivocado com base num "embuste" o relatório sobre a pobreza em Portugal, desconhecendo que se tratava de um documento de 2004 e não actual.

"Julgo que o dr. Mário Soares foi também influenciado por aquilo que foi um dos maiores embustes lançados na sociedade portuguesa, julgando que o relatório lançado na semana passada [sobre pobreza] se referia a números actuais. Mas esse relatório era de 2004", declarou José Sócrates aos jornalistas.»

Eu pergundo: Alguém viu melhorias de 2004 até agora?
É que eu não! Pelo contrário... cada vez vejo tudo mais negro!

«O Chefe do Governo dise que também no combate às desigualdades houve uma melhoria, tendo Portugal "passado do índice de 6,9 em 2005 para 6,8 em 2006".»

Deixem-me rir!!!
Um riso amarelo.

«O Presidente da República disse ainda que o problema das desigualdades no rendimento não se resolve de um dia para o outro, porque são precisas políticas persistentes para a igualdade de oportunidades no domínio da Educação e de apoio àqueles que se encontram em situação de pobreza.»

Nem de um dia para o outro...
nem vontade de resolver...

(De que me vale gritar?)

Estes políticos são o máximo!!!...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

GRITOS!!!... não apenas Ecos!












domingo, 25 de maio de 2008

Sei que não mudarei o mundo...

... mas tenho a esperança de poder mudar o mundo de alguém.

Tenho vindo a verificar que a pobreza se está a instalar no mundo, como um cancro social. Que a riqueza está em poder de uma minoria, cada vez mais rica, e que os pobres são cada vez em maior número e mais pobres. Que esta pobreza não será fácil de erradicar, por se tratar de um fenómeno à escala mundial e de múltiplas dimensões.

Acho que para se erradicar a pobreza teria de haver vontade Política, concreta e coordenada, por parte dos governos de todo o mundo, o que nunca será um assunto consensual e pacífico, numa sociedade caracterizada pela indiferença e pela fome de poder.

Noto que ainda falta percorrer muito caminho. Talvez, devido às novas tecnologias de informação e/ou porque as pessoas estão a sentir na pele este problema, só recentemente se começou a falar massivamente neste assunto.

Este flagelo não está a afectar só pessoas com pouca instrução, como numa primeira abordagem poderá parecer. Existem muitos licenciados, principalmente no nosso país, que se vêem a braços com este problema, devido à falta de emprego, a condições de precariedade, encargos contraídos que não têm meios para pagar…

Por outro lado, têm vindo a ser incutidos, nas pessoas, variados hábitos de consumo que as arrastam para situações, que considero anormais, mas que muitos ainda não as enxergaram como tal, nem o quanto estão a ficar reféns do poder dos mais ricos e escravos de certos vícios que os acabarão por levar, inevitavelmente, à pobreza e a doenças físicas e psicológicas, se não se conseguir travar este ciclo antes que seja tarde demais.

Portanto, a pobreza pode não acabar, mas podemos tentar minimizar este flagelo despertando consciências, deixando egoísmos de lado e pensando um pouco nos outros, contribuindo com a nossa parte, na medida das nossas possibilidades, quer em apoio monetário, quer ao nível de voluntariado em inúmeras ONGs e IPSSs, ou outras iniciativas conforme as qualificações e aptidões de cada um, porque só se pode dar do que se tem e, às vezes, dentro da nossa pobreza, temos muito que dar a quem ainda tem menos do que nós.

É neste sentido que, quantas vezes com prejuízo para a minha própria vida, dou o meu contributo na Direcção de uma IPSS, como membro de um GASC, na animação de um GJ...
Também, a nível individual e profissional, procuro estar disponível e aberta à pequena comunidade de que faço parte, a fim de responder, na medida do que me é possível, às solicitações que me surgem.

Mas gostaria de ir ainda mais longe... sempre fui uma pessoa muito inconformista!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Que consequências traz a pobreza?

Algumas das consequências da pobreza são a fome, habitação degradada, analfabetismo, ausência de qualificação profissional, o desemprego, doenças, depressão, violência, tráfico e consumo de drogas e álcool, mendicidade, sem-abrigo, prostituição.

Uma das consequências da pobreza extrema é a subnutrição crónica que, não conduz apenas à morte, mas implica frequentemente a falta de desenvolvimento das células cerebrais nos bebés, e cegueira por falta de vitamina A. Todos os anos, dezenas de milhões de mães gravemente subnutridas dão à luz dezenas de milhões de bebés igualmente ameaçados.

Outra consequência é o número de suicídios verificado em muitos países, cujas taxas sofrem uma profunda e dramática progressão desde os anos 50. Em alguns países essas taxas duplicaram e até mesmo triplicaram. Grande proporção de suicídios prevalece entre os infectados pelo vírus HIV, sem distinção de sexo.

Muitas das consequências geradas pela pobreza, são também causas, criando um ciclo de pobreza, por exemplo o desemprego, uma vez que os países mais atrasados e subdesenvolvidos têm uma gigantesca dívida aos países ricos, o que não lhes permite gerar empregos. Existem 800 milhões de desempregados ou subempregados em todo o mundo.

Também Portugal, se não conseguir captar investimento e população nas cidades do interior para gerar riqueza, ficará eternamente condenado a ser um país pobre. E nem a região de Lisboa escapará, porque parte da riqueza contabilizada na capital não existe se não houver mercado no restante território.

E que outras mais consequências não trará a pobreza?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Causas de pobreza

● Entre as principais causas da pobreza podemos encontrar a seca e as guerras em determinadas regiões do mundo.

Por exemplo, todo o continente africano parece ter mergulhado no abismo, depois de devastado por secas e cheias, mas sobretudo por guerras civis (entre os anos 30 e 40 no final do século XX).

O director-geral da FAO afirma que apesar da importância estratégica da agricultura para combater esta situação, nos últimos 10 anos o crescimento do sector agrícola no continente africano foi fraco, alcançando apenas 2,7% no ano 2000. Um dos factores que impede esse crescimento é a concorrência dos países mais desenvolvidos, cuja agricultura é fortemente subsidiada pelos respectivos estados.

● O aumento do desemprego, os salários baixos e as condições de precariedade são outras das causas da pobreza.

Nas sociedades industrializadas, vem sendo registado o empobrecimento progressivo de um sector da população por causa do aumento do desemprego, que hoje afecta uma em cada dez pessoas.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, um terço da população activa portuguesa seria pobre se dependesse apenas dos rendimentos do trabalho. Ou seja, temos um número alarmante de trabalhadores pobres, que confirma que os baixos salários e a precariedade são factores de pobreza.

● A globalização é outra causa, cujos efeitos se farão sentir por muito tempo, nomeadamente através de contínuas crises económicas. As economias mais frágeis estão hoje à mercê das empresas dos países mais ricos, pois estes atribuem subsídios às suas empresas para exportarem e barreiras comerciais aos produtos oriundos dos países mais pobres. O desequilíbrio de meios sufoca completamente as economias mais pobres.

E outras causas haverá...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Agitar de consciências



Conferência de Bob Geldof em Portugal gera polémica.

«As guerras do futuro serão travadas pelo controle dos recursos alimentares, já que o Mundo tem demasiada população e a comida não chega para todos, declarou hoje em Lisboa o músico e activista irlandês Bob Geldof.

A solução duradoura, disse Geldof, "está na acção de cada uma das pessoas", já que "os políticos não vão fazer mudanças sem serem empurrados pelos eleitores".

"As verdadeiras causas são políticas e económicas. Por isso também as soluções são políticas e económicas", explicou.

"[Na Europa] pagamos impostos para produzir, pagamos impostos para armazenar e pagamos impostos vergonhosos, imorais, abjectos para destruir comida em excesso".»

In: Noticias rtp

Ver também: Jornal de Negócios e Blitz aeiou

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Contra a Fome

"A Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu apoios à agricultura nos países pobres e dependentes do exterior, denunciando a especulação em torno dos produtos alimentares, que originou uma crise em mais de 40 nações.

De acordo com o relator da ONU para o Direito à Alimentação, Olivier De Schutter, é «injustificável» a falta de acção da comunidade internacional, que durante anos ignorou os pedidos «de apoio à agricultura nos países em desenvolvimento».

O responsável adiantou que «não se fez nada contra a especulação de matérias-primas», considerando que a actual crise alimentar mundial «demonstra os limites da agricultura industrial».

Conforme adianta a agência Lusa, Olivier De Schutter também criticou o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional por terem incitado «os países mais endividados, em particular na África Subsariana, a desenvolverem cultivos para exportação e a importar os alimentos que consomem».

O relator da ONU frisou que «esta liberalização» tornou esses países «vulneráveis à volatilidade dos preços».

Para representante da ONU, a auto-regulação do mercado «não é solução, mas sim o problema», tendo em conta que o mercado agrícola não é um mercado elástico, já que a quantidade de terras cultiváveis não se pode «ampliar ao infinito».

Olivier De Schutter pediu «uma alteração das regras de propriedade intelectual» de «um pequeno número de empresas», como Monsanto, Dow Chemicals e Mosaic, que controlam as patentes das sementes, pesticidas ou estrume e cujos lucros aumentam.

Relativamente às subvenções à agricultura nos países ricos, Oliver De Schutter qualificou o sistema como «uma vergonha», e, em relação aos biocombustíveis, o responsável sublinhou que é necessário «impor limites»."
O aumento dos preços dos alimentos já se reflectiu no consumo de bens essenciais, como o pão e o leite, e as perspectivas para o futuro continuam a ser de preços altos e respectiva subida pois a conjuntura actual assim o indica. (Ler Aqui )

Bancos Alimentares Contra a Fome - Uma resposta necessária mas provisória porque "toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente que lhe assegure e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda aos serviços sociais necessários" (Excerto do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos do Homem)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Crise alimentar" um "tsunami silencioso"



O Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiu esta terça-feira para a subida de preços dos produtos alimentares constituem um "tsunami silencioso" que ameaça prolongar a fome de dezenas de milhões de pessoas. [Ler aqui]

O Programa Alimentar Mundial precisa de mais 755 milhões de dólares, além dos mais de três biliões previstos para este ano, para cobrir o aumento dos preços dos alimentos. O porta-voz do PAM adiantou à TSF que já foi lançado um apelo aos governos para darem um «passo em frente» para combater a crise alimentar mundial. [Ler aqui]

A ONU vai criar uma célula de crise para tentar evitar a escala dos preços dos alimentos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu também à comunidade internacional que pague os 755 milhões de dólares que o Programa Alimentar Mundial precisa para sobreviver à actual crise alimentar. [Ler aqui]

Os líderes do Japão e a UE manifestaram, esta quarta-feira, preocupação face à crise alimentar mundial e reclamaram acções urgentes para ajudar os países em vias de desenvolvimento. Para Hugo Chavez, a crise alimentar é um «verdadeiro massacre». [Ler aqui]

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Aumenta o preço dos cereais, aumenta a fome



O aumento dos preços dos cereais está a matar à fome os africanos.
Apesar da fome e do aumento dos preços dos cereais serem um problema global o continente africano é o mais afectado.

Uma das razões para este aumento dos preços é o crescimento da produção de biocombustíveis.

Os aumentos dos preços dos cereais são um problema cada vez mais sério e, devido a isso, o Programa Mundial de Alimentos comprou menos 40 por cento dos alimentos necessários, o que pode levar a ONU a retirar ajuda alimentar a 100 mil crianças.

Segundo o secretário-geral da FAO, «a ajuda alimentar continua a ser necessária, nomeadamente para regiões como o Darfur (Sudão) ou para países que sofrem conflitos armados e que não têm dinheiro para comprar alimentos».

Ler mais aqui e aqui.

Perante o receio de futuras restrições no abastecimento internacional de arroz e uma consequente subida dos preços, a sua venda foi racionada nos EUA - uma medida insólita.

Acho impressionante a falta de vontade política para acabar com o problema da fome no mundo!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Farturas... e Misérias

A alimentação para uma semana

Repare no tamanho da família e dieta de cada país, bem como a disponibilidade e a despesa com a alimentação de uma semana.

1 - Alemanha:
A família Melander de Bargteheide
Despesas com alimentação durante uma semana:
375,39 Euros ou $500.07




2 - Estados Unidos:
A família Revis de Carolina do Norte
Despesas com a alimentação durante uma semana:
$ 341




3 - Itália:
A família Manzo da Sicília
Despesas com a alimentação durante uma semana:
214,36 Euros ou R $ 260,11




4 - México:
A família Casales de Cuernavaca
Despesas com a limentação durante uma semana:
1862,78 Pesos Mexicanos ou US $ 189,09




5 - Polónia:
A família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna
Despesas com a alimentação durante uma semana:
582,48 ou Zlotys $ 151,27




6 - Egipto:
A família de Ahmed - Cairo
Despesas com a alimentação durante uma semana:
387,85 libras egípcias ou R $ 68,53




7 - Equador:
A família Ayme de Tingo
Despesas com a alimentação durante uma semana:
R $ 31,55




8 - Butão:
A família Namgay de Shingkhey Village
Despesas com a alimentação durante uma semana:
224,93 ngultrum ou $ 5,03




9 - Chade:
A família Aboubakar de Breidjing Camp
Despesas com a alimentação durante uma semana:
685 Francos CFA ou $ 1,23

Isto dá que pensar!

terça-feira, 18 de março de 2008

O Conceito de Pobreza

A definição do conceito de Pobreza é algo extremamente complexo.

Para definir este conceito, é necessário compreender que a pobreza pode ser entendida em vários sentidos. Esta definição não é algo consensual o que torna difícil apresentar uma definição concreta.

Pobreza não é, apenas, falta de dinheiro, ou miséria absoluta.
A pobreza é definida, geralmente, como a falta do que é necessário para satisfazer as necessidades básicas – alimentos, vestuário, habitação e cuidados de saúde. Mas esta é, mais do que isso, um fenómeno multi-dimensional que está inter-relacionado a múltiplos factores, em que existe a carência de bens e de serviços essenciais, mas também uma carência social, como a incapacidade de participar na sociedade – a falta de voz, de poder e independência – que sujeita as pessoas à exploração, e que as torna mais vulneráveis e expostas ao risco, tal sendo, a maioria das vezes, resultado da exclusão social.

A falta de recursos económicos é a forma de pobreza mais usual e pode ser considerada a base de todas as outras.
Para medir a carência de recursos económicos convém considerar os níveis de suficiência desses recursos e ter em conta aspectos relativos que ajudarão a perceber a gravidade e diversidade das pobrezas.
Assim, podemos ver a pobreza sob duas vertentes – a pobreza relativa e a pobreza absoluta.

O conceito de pobreza relativa é descrito como uma situação em que a pessoa, quando comparada com outras, sente a falta de algo que deseja e que não tem condições de obter, quer rendimento, quer condições favoráveis de emprego ou de poder, ou outras.

Do ponto de vista absoluto, a pobreza observa-se quando, da fixação de padrões para o nível mínimo ou suficiente de necessidades, conhecido como linha ou limite da pobreza, determinada parcela da população se encontra abaixo desse limite.
Esse padrão de vida mínimo, apresentado sob diferentes aspectos – nutricionais, de habitação ou de vestuário – é normalmente avaliado segundo preços relevantes, calculando o rendimento necessário para custeá-los.

Como tal, podemos ver a pobreza tendo em conta algum juízo de valor, em termos relativos ou absolutos. Trata-se de uma visão subjectiva, acerca do que deveria ser um grau suficiente de satisfação de necessidades, ou do que deveria ser um nível de privação normalmente suportável.

Numa outra perspectiva, a pobreza pode também ser vista no sentido de carência energética, falta de auto-estima e de energia para superar uma situação. A falta de força de vontade para mudar, e o aceitar da sua condição de pobreza como se tratando de algo que não pode ser mudado.

Eis como os mais pobres definem a pobreza:

“Pobreza é fome, é falta de abrigo. Pobreza é estar doente e não poder ir ao médico. Pobreza é não poder ir à escola e não saber ler. Pobreza é não ter emprego, é temer o futuro, é viver um dia de cada vez. Pobreza é perder o seu filho para uma doença trazida pela água não tratada. Pobreza é falta de poder, falta de representação e liberdade”.
(In:
RAE-eletrônica, Volume 1, Número 2, jul-dez/2002)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pobreza

Quem nunca
Encheu um frasco de champô de água para aproveitar tudo?
Quem nunca
Colocou um fósforo no óleo para saber quando estava quente?
Quem nunca
Tomou refrigerante em um copo de requeijão?

Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza

Quem nunca
Encheu de água a embalagem de molho de tomate pra aproveitar tudo?
Quem nunca
Colocou um pedaço de Brombril na antena pra imagem ficar melhor?
Quem nunca
Acendeu 4 bocas do fogão com o mesmo fósforo?

Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza

Quem nunca
Fechou a janela do carro no maior calor só pra pensarem que você tem ar-condicionado?
Quem nunca
Esfregou uma caneta nas mãos pra ela voltar a pegar?
Quem nunca
Tomou banho de bacia pra economizar água?

Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza

Quem nunca
Estendeu a roupa só com um grampo pra poder estender tudo?
Quem nunca
Secou roupa molhada no ferro?
Quem nunca
Jantou a luz de velas para economizar eletricidade?

Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza

Quem nunca
Estendeu um par de meias com um só grampo?
Quem nunca
Fechou um pacote de farinha com um grampo?
Quem nunca
Esperou até meia noite para entrar na internet?

Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza
Pobreza, pobreza, pobreza

(Zumbis, Pobreza - Composição: Underley)

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