sábado, 18 de setembro de 2010

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio estão a falhar

A POBREZA É UMA VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

"A pobreza não é um acidente, não é inevitável e não é exclusivamente um problema de falta de recursos.
A pobreza é a ausência de meios, mas é sobretudo a falta de acesso às escolhas, à segurança, à capacitação e ao poder de auto-realização dos Direitos Humanos de cada um, necessários para uma vida com Dignidade.
A pobreza não pode ser encarada como uma fatalidade social, mas sim como um produto de decisões e uma situação criada por abusos de Direitos Humanos."
(Amnistia Internacional)


Cimeira de Nova Iorque, de 20 a 22 de Setembro -
Que futuro para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio?


11 Comments:

Ana Borges said...

Assumindo a "provocação", pergunto se não acha um jogo de palavras os ditos objectivos do milénio ?
Não me leve a mal, peço, a intenção é apenas a de fazer luz sobre todo aquele imenso palavreado que dura desde que me lembro de ser gente.

fa_or said...

Obrigada, Ana.
De facto o disco parece que riscou...
Enquanto as palavras não forem acompanhadas de acção só o fracasso espreita.

Manuel Rocha said...

"A pobreza não pode ser encarada como uma fatalidade social, mas sim como um produto de decisões e uma situação criada por abusos de Direitos Humanos."
(Amnistia Internacional)

Pega nesta frase e tenta aplicá-la ao caso de Cuba, país pobre com 10 milhões de habitantes. Tens ambas as coisas, decisões económicas questionáveis e situações menos claras no que refere á carta dos direitos do homem. Mas se não fosse isso os cubanos poderiam não ser pobres ? Haverá quem diga que sim, que o turismo está sub explorado, que fortes valências adquiridas em áreas de grande especialidade como a medicina podiam ser potenciadas, que possuem alguns produtos de reconhecida excelência dos quais não tirarão o melhor partido, como os famosos charutos, etc. Quer dizer, no quadro de uma economia aberta do tipo liberal a prosperidade geral de Cuba poderia aumentar significativamente e gerar os meios que, devidamente redistribuídos, tirariam todos os cubanos do estado de pobreza em que estão catalogados. Sobra contudo uma questão: quem seriam os potenciais consumidores de turismo, clínicas de emagrecimento, havanos ? Normalmente os do costume, os ricos, certo ? Os tais que são ricos porque lá nos seus países beneficiam duma distribuição desigual dos recursos, certo ? Ou seja, voltamos à pescadinha de rabo na boca, quer dizer, numa situação de distribuição equitativa de recursos, algumas decisões possíveis para contornar a pobreza relativa de muitos, seriam inviáveis por falta objectiva de ricos.
É este o meu ponto quando tento chamar a atenção para a necessidade de compreender bem a natureza concreta da coisa chamada riqueza para atacar devidamente o problema da pobreza.
Na verdade, é no confronto interno entre os recursos concretos do território que habitam e os 10 milhões concretos que ali vivem, que a pobreza dos cubanos deveria ser perspectivada numa primeira mão. Importaria perceber se fora de um contexto de trocas comercias com o exterior rico, existem em Cuba recursos bastantes para permitir a 10 milhões viver fora da pobreza. Ou seja, a pobreza não pode ser encarada como uma fatalidade social. Mas também não deve ser encarada fora da relação concreta da população com os recursos de que dispõe. No limite, podemos andar a lutar pela boa distribuição do que…não existe !
Fiz sentido ? Espero que sim. 

fa_or said...

Caro Manuel Rocha,
obrigada pela achega.
é claro que o problema da pobreza é muito complexo, e a pobreza de uns não se resolve do mesmo modo que a pobreza de outros, porque são múltiplos os factores de pobreza.
E não é 'pecado' ser rico desde que não seja à custa da exploração do homem pelo homem. A riqueza é um bem, uma contrapartida, a que tem direito quem 'faz pela vida'. O que não vejo é muita da gente que tem a felicidade de possuir mais do que o que precisa para viver e ser feliz preocupar-se em trabalhar para minimizar a pobreza dos outros, pelo contrário...

Manuel Rocha said...

"A riqueza é um bem, uma contrapartida, a que tem direito quem 'faz pela vida'"

Bem, tenho dúvidas ! O que não falta é quem se esmifre a fazer pela vida e nunca consiga acumular nada de jeito. Riqueza sem equidade soa-me sempre a sinónimo de inconsciência social. Mas a esses, quando conscientes, a mim bastava-me que se abstivessem das sua práticas de acumulação. O mais os restantes que resolvam. Ao Illich, assutavam-no as utopias normativas ! A mim, assustam-me as soluções . Tenho ideia que certos problemas tendem a ser agravados pelas suas soluções. Não sei se os da pobreza não estarão entre eles. Não sei mesmo...mas estou muito seguro que não é na ONU que nada disto se resolve.

fa_or said...

Sim, Manuel, nem todos os que "se esmifram a fazer pela vida" conseguem acumular algo de jeito. Não estamos nós a falar de pobreza? A pobreza existe, e de que maneira (!) entre estes que se esmifram a fazer pela vida...
A pobreza não se resolve na ONU. A pobreza é problema que cabe a TODOS resolver! Ninguém deve achar que é problema só dos outros.

Ana Borges said...

Ontem assisti no Telejornal ao desfile dos discursos do costume e mais uma vez tive a certeza de que é como diz, "a pobreza não se resolve na ONU". Sinto que são precisas outras perspectivas de leitura da realidade para podermos agir de uma forma mais efectiva. E fico a reflectir no que escreve o Manuel Rocha quando diz que "certos problemas tendem a ser agravados pelas soluções". Nesse caso a solução passaria a fazer parte do problema. Teremos casos desses no combate à pobreza? Serão iniciativas como esta cimeira da ONU um caso exemplar desse ponto de vista ?

fa_or said...

Sim, acredito que certas soluções agravem o problema quando saem de políticas de gabinete desfasadas da realidade do que se passa no terreno.

tulipa said...

Gostei muito da poesia "Noite comprida"
Parabéns pelo seu talento!

Hoje descobri um artigo que achei deveras interessante depois de eu passar 4 dias em Tavira...
O guia Lonely Planet's "Travel With Children" considerou a praia da Ilha de Tavira, no Algarve, a 8.ª melhor do mundo para levar as crianças e estar em família.

Também fiz um post sobre a eleição das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.
Para a eleição, foram contabilizados 656.356 votos (via site, Facebook, SMS e telefonema).
Também votei via Facebook.

Na categoria
"Zonas Aquáticas Marinhas"
venceu a Ria Formosa (Algarve)

Nestas minhas mini-férias fui visitar a Ria Formosa; nos meus 2 blogues mostro fotos e faço uma reportagem sobre o assunto.

Bom fim de semana.
Abraços outonais.

Ana Guedes said...

Há por ai muitas pessoas com boas intenções, mas tornou-se mais um esquema da sociedade mundial roubar os bem intencionados para viverem à grande. Então fazem peditórios, existem centenas de associações e sei lá mais o quê para ajudarem os mais desfavorecidos, mas na realidade é que tudo continua pior. Há algo muito errãdo por detrás desses malandros mascardados de benfeitores.Peço desculpa mas a realidade é bastante negra e dura.

Anónimo said...

Explicação emocionante neste blogue, assuntos como aqui está emotivam ao indivíduo que ler neste espaço !!!
Faz muito mais deste web site, a todos os teus utilizadores.

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